Porque desesperas com a minha existência?
Bestas da água, emerjam,
Revoltem o mar,
Afogando-me na vossa ânsia;
Destruam-me os navios,
E eu morrerei, naufragado.
Bestas da Terra, insurjam-se,
Galopem no vosso ódio,
E tentem escorraçar-me;
Rasguem e desfiem a minha carne,
Para ao menos os vossos filhos alimentar.
Bestas do Ar, voem,
Algemem-me nas amarras do Destino,
Na tentativa de me sacrificar ao Sol
E servir de testemunha
Do vosso idílico feito.
Mas... Eu sou eu,
E nada mais do que eu...
Sou assim, simplesmente eu.
Sim, sou a vossa infame
Caixa de Pandora.
Sim, sou a vossa tão desejada
Pedra Filosofal.
Eu sou tudo!
E nada...
E tu, Mundo, mostra a tua outra Natureza,
Aquela, destruidora, ávida de sangue,
Para me exterminar,
Para extinguir a minha
Já breve chama.
Sim, vou desaparecendo,
Deste Mundo que já não me quer,
Tal como as bestas dos três elementos,
Enquanto o verdadeiro quarto vai escasseando.
Mas, mundo que fedes,
Porque desesperas com a minha existência,
Se choras ainda mais sem ela?
O quê? Choram agora,
Golfinhos e tubarões?
As vossas lágrimas não se
Descobrem no mar.
O quê? Choram agora,
Cães e tigres?
As vossas lágrimas
Perdem-se nas vossas plantas.
O quê? Choram agora,
Gaivotas e abutres?
As vossas lágrimas
Secam com o Sol.
Agora é que se importam?
Nem tudo o que luz é ouro,
Mas nem tudo o que fede é obsceno.
Ó Mundo, onde vais tu parar?
Ricardo Pereira
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