domingo, 29 de março de 2009

Mutatis Mutandis

Não se habituem mal, eu não pretendo fazer uma média de 3 posts por dia, nem perto, quer dizer, não tenho objectivos traçados. Hoje, apenas não tenho nada para fazer, ou melhor, tenho, mas não quero. Aproveito, assim, a expressão mais usada pelo grande, mas temido docente de Calculo I e II, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que é mutatis mutandis, que em português e sem qualquer conotação matemática significa, mude-se o que deve ser mudado.

Cada vez vivo mais desagradado com o país em que vivemos. Não me interpretem mal, mas com uma generalização, errada, obviamente, da população deste nosso País, nada mais posso fazer para além de concordar com o grande Eça de Queirós, "Portugal não é um país: é um local mal frequentado". Mas isto podemos facilmente verificar em qualquer lado.
Os funcionários da maior parte das lojas são rudes e desinteressados e mais uma qualidade de adjectivos depreciativos que, infelizmente, nao me recordo agora, na generalidade do atendimento aos clientes. Digo generalidade, porque quando se avista alguém de um estrato sócio-económico bem mais elevado ou turista rasga-se logo um sorriso nos lábios, na vista da possibilidade de uma gorgeta bem larga. Soubessem eles os clientes e gorgetas que às vezes perdem quando tratam os outros 95% mal. Uma pessoa gosta sempre de ser bem servida e bem tratada e quando é e quando pode, recompensa por o ser. Assim, parece que a expressão "A hospitalidade portuguesa é só para inglês ver" ganha uma natureza bem mais sólida do que seria suposto.
Cada vez que nos questionam acerca de qualquer coisa, a resposta é fácil: "Somos os maiores", quase que apostaria que "Eu sou o máior da minha aldeia!" só existe na nossa língua, a língua portuguesa. Aliás, ainda na semana passada ouvi na televisão um dirigente de nível médio do nosso país, cuja organização não vou indicar disse: "O SLB é mais que um clube, é um país, uma pátria, uma nação!". Convenhamos que não é bem assim, quem é que no seu próprio juízo compara, em termos de igualdade ou mesmo superioridade, a importância de um clube com a do nosso grande País? Importância que, mesmo essa, é bastante reduzida, porque todas as pessoas dizem que somos grandes porque fomos os grandes impulsionadores dos Descobrimentos. Meus amigos, têm razão, fomos grandes, já não somos. Aliás, mesmo quando fomos grandes, podíamos ter sido maiores, mas não fomos. Vivemos sempre com a mente no passado, presa ao passado, quase que enjaulada, o Benfica com os títulos de há décadas atrás, Portugal com os Descobrimentos.
Há muitos especialistas em Portugal, de tudo. Pode não saber nada sobre o assunto, mas fala sobre ele, critica. Quando sabe alguma coisa, é um especialista. O mais engraçado é até, a multidisciplinariedade da especialização que existe. Profissionais de futebol ou até mesmo de jet7 (ou, digamos, pseudo-jet7) ou outra actividade de renome, em Portugal, criticam sem, certamente, qualquer problema de consciência, qualquer medida de cariz económico, social ou outro. Qualquer pessoa conhecida em Portugal é convidada para escrever uma coluna num qualquer jornal, acerca de um qualquer assunto. E o mais incrível é que não são poucas as vezes em que são apoiadas, mesmo quando dizem as maiores barbaridades.
Entretanto vão-se verificando, desde sempre, algumas actividades que, vergonhosamente, vão dando os seus frutos no nosso País, o chamado como diria o grande fundador Batinas, “culambismo”. Exactamente, culambismo. Os culambistas são aqueles que, metaforicamente, lambem o cú aos seus superiores, ou seja, usam e abusam da graxa, para conseguir aquilo que ambicionam, seja notas ou progressão hierárquica.
Mas, enfim, deixemo-nos de criticar pessoas, critiquemos antes ideias, porque é muito disso que falta no nosso País. Reduzamo-nos à nossa insinificância, sim, somos pequenos, muito pequenos, por isso, em vez de olharmos para o passado, temos de ir em busca de um futuro melhor, no qual nos imaginemos; em vez de vermos em cada um as suas características superficiais, prestemos antes atenção aos seus ideais, convicções e competência, isto em termos profissionais, claro está. Nunca misturemos as coisas.
Mas, sim, são os ideais que faltam em demasia no nosso País, pelo menos os certos.

3 comentários:

  1. Concordo. O Benfica jamais pode ser comparado ao nosso país. O Benfica é ENORME. Comparar o Benfica a Portugal seria uma parvoíce... porque Portugal não possui nível suficiente para estar no lugar do glorioso!

    Assinado: especialista português em comparações de clubes com países

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  2. É bom que se diga que foi este teu texto que me inspirou a fazer um post super sério acerca do Iberismo... ;)

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  3. Eu sou o maior da minha aldeia, MAS FAÇO ISSO PELO ENFIQUE!e depois?


    mau.

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