segunda-feira, 8 de junho de 2009

Europeias 2009

Chegámos ao fim de mais umas eleições no nosso país, as primeiras para mim. E o país vive uma falta de seriedade incrível, como de costume. Não que se andem para aí a rir a bandeiras despregadas, mas continuam nos mesmos jogos de pseudo-ilusionismo que só não vê quem quer.
As eleições eram europeias; pois bem, quais foram os assuntos europeus que se discutiram nesta campanha? O persistente insistir na má escolha dos investimentos públicos, o habitual caso freeport, o novo insistir nos maus planos para conter a crise em Portugal. Não interessa quem tem razão, se a oposição se o partido do Governo. Estas eleições deveriam ser sobre o nosso futuro na Europa, não sobre o nosso futuro em Portugal. Não sou nenhum especialista político, bem longe disso, sou apenas um cidadão desconhecedor de muita coisa deste nosso país e deste nosso mundo, mas que vive intrigado com o estado da política no nosso país, que é, a cada dia que passa, mais degradante.
Se a campanha foi penosa, a pós-campanha foi ridícula:
- Qualquer partido da oposição tomou como elação principal a retirar das eleições o enorme cartão amarelo, vermelho, verde tinto ou o que quer que seja, que a população portuguesa mostrou ao governo. Há que lembrar algumas pessoas que ainda falta algum tempo para as legislativas. É verdade que pode haver pessoas que votem, estando aí ideologicamente erradas, contra o governo, mas não podemos pensar assim, porque, se por acaso assim for, que é o que eu temo, não é só a nossa camada política que vive tempos degradantes.
- Tivemos uma excelente campanha do PSD que apostou bastante forte nestas eleições com um bom candidato e uma ou outra boas ideias (penso que a única que vi foi a de criar um programa semelhante ao Erasmus para o primeiro emprego, ideia que não sei se é de todo realizável) e, penso eu, uma tentativa furada do PS em ganhar votos numa esquerda mais radical, mais à esquerda, por assim dizer, com um candidato ex-comunista. Os partidos mais à esquerda tiveram boas prestações comparadas com as eleições anteriores e muito se deve, provavelmente ao facto de haver muito poucas pessoas neste país que gostem do afável Vital Moreira, o que, de facto, não é o meu caso.
- Houve também, por fim, mais dois aspectos que penso que são de salientar, um bom e um mau; primeiro os elevadíssimos e, infelizmente, crescentes, em comparação com as anteriores eleições europeias, níveis de abstenção que se verificaram, o que demonstra, mais uma vez, o descrédito que a sociedade portuguesa tem pela política em Portugal; e, também, a grande subida dos votos brancos, facto que tentaram passar despercebido, ou mal entendido. As pessoas dever-se-iam lembrar que, para mudarem alguma coisa, se não gostam dos políticos que as querem representar, que a sua maior arma é, não a abstenção, mas o voto em branco. O voto em branco significa que as coisas no geral não estão bem e que precisam de uma grande lavagem. Eu? Votei em branco, como pelos vistos, mais, provavelmente, 10% dos votantes. A campanha foi medíocre, ninguém informa dos projectos para a Europa e tomam apenas estas eleições como um aquecimento para as próximas o que é, no mínimo, desprezível. Mas toda a gente tenta esconder o número crescente dos votos em branco, tentando, quiçá, fazer pensar com que eles não existem, porque, até no site da união europeia para estas eleições, os votos em branco são incluidos com os dos partidos que não tiveram número de votantes significativo.
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Por isso, penso eu, há coisas que estão muito mal e que têm de mudar, o único problema é que não há quem as mude e há quem queira que elas não mudem. Enfim, como diria o professor Paulo Saraiva, de Cálculo I e II: "Deixa-se o desenvolvimento deste exercício (de consciência e de elações a tirar) a cargo do leitor".
Saudações europeias,
O Magnífico.

4 comentários:

  1. Quanto à tua ideia de voto em branco como forma de protesto acho uma coisa ridícula. Acho que o link que te envio aí em baixo desconstrói de maneira exemplar essa forma de protesto maravilhosa:

    http://tapornumporco.blogspot.com/2009/06/contra-o-voto-em-branco-por-mancha.html

    Quanto ao não votar contra o Governo numas europeias também não concordo. Se o PS ganhasse a vitória era do Sócrates. Era mais uma força para o país votar nele nas próximas eleições. Era, por isso, essencial que o PS saísse daqui derrotado.

    Porque o país não pode ser liderado por quem é. E não, não gosto da Ferreira Leite, não gosto dos Portas... Votava no Manuel Alegre, votava no Marcelo Rebelo de Sousa. Mas esses não estão lá. Como os que lá estão são quase todos PÉSSIMOS acho essencial não dar maioria absoluta a nenhum. Nunca. Jamais.

    E já agora, mando-te para outro post do mesmo blog...
    http://tapornumporco.blogspot.com/2009/05/o-que-e-o-socratismo.html

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  2. Enfim, Mau, já falámos extensivamente sobre este assunto, e também já falei com outras pessoas, os políticos são os que temos e os que lá estão como já disse, em termos económicos até estão a trazer alguns resultados(em parte diminuidos ou cilindrados pela crise mundial que estamos a viver), por isso, e como contínuo a discordar da falta de democracia que é essa opinião de que o voto branco não serve para nada, aqui vai um comentário que fiz no outro blog:

    "(...) a cegueira contra algumas coisas por vezes é demasiada. Há quem o ache o pior governo e há quem o ache não tão mau quanto os outros. Não sei se te lembras, mas também foram muito poucos os que ficaram a gostar do Cavaco Silva após as legislaturas, aliás, o meu pai odeia-o profundamente. E eu não disse que os brancos eram "xuxas". Voto em branco, para mim é o voto mais democrático que existe em todas as eleições. Os "xuxas" a que tu te referes são a maior parte dos partidaristas, "xuxas" são todos aqueles que votam num partido por serem da respectiva família partidária, "xuxas" são todos aqueles que respeitam a lei virtual que existe em Portugal de ser quase que um mandato para o PS seguido de um mandato para o PSD como se não existissem mais partidos, como se nao existissem mais ideias, "xuxas" são todos aqueles que votam sem olhar para os programas eleitorais; tu olhas?
    Porque estas eleições foram hilariantemente ridículas e, no mínimo deprimentes, pois foram umas europeias com ar de legislativas, em que a maior parte das pessoas certamente votou sem ouvir as campanhas para a Europa, que também foram poucas. Apenas algumas como a do CDS/PP, a do BE, até do MEP e, em parte, do PPD/PSD.


    Por isso, só me resta mandar uma gargalhada, não contra o blog, do qual gostei, mas do post e de todos os seus comentários, porque é assim que o país, infelizmente e com muita pena minha, nunca andará para a frente."

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  3. Já te responderam no blog... E mais uma vez concordo com eles...

    "Anónimo disse...

    Ainda bem que gostaste do blog, Magnífico. és sempre bem vindo. Mas não tens razão nenhuma na tua definição: xuxas são os gajos ligados ao aparelho pêesse que se abotoam à nossa custa. E não, não é porque há gente que luta contra eles que o país não anda para a frente. é ao contrário, porque somos um país de acéfalos que o país está como está. Tou como tu: tenho inveja da maturidade política e cívica, da bagagem cultural, das taxas de leitura e de literacia e da força da opinião que vemos nos países nórdicos. Mas garanto-te que é o criticismo do post que vês nesses países e não a acefalia e o conformismo portuga de alguns comentários daqui...
    Quinta-feira, Junho 11, 2009 "

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  4. ahahah, quer dizer então que os pêéssedês não são "xuxas"? São só os que lá estão agora em cima? Agora começo eu a duvidar da tua orientação política e diria mesmo que és da jota ésse dê x)

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