Já há muito que andava a tentar escrever alguma coisa sobre Manuel Pinho, mas nunca saia, o que eu queria falar. Primeiro, porque, apesar do acto reprovável, só é chocante para quem não observa, assiduamente, a Assembleia da República. Segundo, porque, um bom ministro foi expulso por não ter estaleca política. Ontem estava a ler o jornal e li muito do que pensava, por isso, peço desculpa por não ser meu, mas aqui vai:
"O gesto foi reprovável e a sequência inevitável. Haverá como atenuantes, o cansaço acumulado e sobretudo a falta de anos de treino parlamentar, onde se aprende a provocar, insinuar e insultar na fronteira do inaceitável, mas sem nunca a ultrapassar.
Dito isto, o que fica? Um ministro que, para o bem ou para o mal, não foi igual a muitos outros e em várias dimensões.
Antes de mais, foi um 'trouble-shooter', alguém que se empenhava, muitas vezes para além do razoável e sempre até ao limite das suas forças, na resolução de um 'dossier' complicado, mas que à custa de muita preserverança, conseguiu por vezes inverter o final infeliz previsível, o que lhe dava o necessário ânimo para o 'dossier' seguinte. Na sua última intervenção à saída do parlamento, afirmou que "tinha safo mais uns postos de trabalho". Ficará como sua imagem de marca.(...)"
by António Gomes Mota, professor na ISCTE Business School, in Diário Económico.
Um ministro que ultrapassou os limites em tudo, mas, quando é para ser lembrado, ninguém se lembra daqueles que ele ajudou.
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