Chegámos ao fim de mais umas eleições no nosso país, as primeiras para mim. E o país vive uma falta de seriedade incrível, como de costume. Não que se andem para aí a rir a bandeiras despregadas, mas continuam nos mesmos jogos de pseudo-ilusionismo que só não vê quem quer.
As eleições eram europeias; pois bem, quais foram os assuntos europeus que se discutiram nesta campanha? O persistente insistir na má escolha dos investimentos públicos, o habitual caso freeport, o novo insistir nos maus planos para conter a crise em Portugal. Não interessa quem tem razão, se a oposição se o partido do Governo. Estas eleições deveriam ser sobre o nosso futuro na Europa, não sobre o nosso futuro em Portugal. Não sou nenhum especialista político, bem longe disso, sou apenas um cidadão desconhecedor de muita coisa deste nosso país e deste nosso mundo, mas que vive intrigado com o estado da política no nosso país, que é, a cada dia que passa, mais degradante.
Se a campanha foi penosa, a pós-campanha foi ridícula:
- Qualquer partido da oposição tomou como elação principal a retirar das eleições o enorme cartão amarelo, vermelho, verde tinto ou o que quer que seja, que a população portuguesa mostrou ao governo. Há que lembrar algumas pessoas que ainda falta algum tempo para as legislativas. É verdade que pode haver pessoas que votem, estando aí ideologicamente erradas, contra o governo, mas não podemos pensar assim, porque, se por acaso assim for, que é o que eu temo, não é só a nossa camada política que vive tempos degradantes.
- Tivemos uma excelente campanha do PSD que apostou bastante forte nestas eleições com um bom candidato e uma ou outra boas ideias (penso que a única que vi foi a de criar um programa semelhante ao Erasmus para o primeiro emprego, ideia que não sei se é de todo realizável) e, penso eu, uma tentativa furada do PS em ganhar votos numa esquerda mais radical, mais à esquerda, por assim dizer, com um candidato ex-comunista. Os partidos mais à esquerda tiveram boas prestações comparadas com as eleições anteriores e muito se deve, provavelmente ao facto de haver muito poucas pessoas neste país que gostem do afável Vital Moreira, o que, de facto, não é o meu caso.
- Houve também, por fim, mais dois aspectos que penso que são de salientar, um bom e um mau; primeiro os elevadíssimos e, infelizmente, crescentes, em comparação com as anteriores eleições europeias, níveis de abstenção que se verificaram, o que demonstra, mais uma vez, o descrédito que a sociedade portuguesa tem pela política em Portugal; e, também, a grande subida dos votos brancos, facto que tentaram passar despercebido, ou mal entendido. As pessoas dever-se-iam lembrar que, para mudarem alguma coisa, se não gostam dos políticos que as querem representar, que a sua maior arma é, não a abstenção, mas o voto em branco. O voto em branco significa que as coisas no geral não estão bem e que precisam de uma grande lavagem. Eu? Votei em branco, como pelos vistos, mais, provavelmente, 10% dos votantes. A campanha foi medíocre, ninguém informa dos projectos para a Europa e tomam apenas estas eleições como um aquecimento para as próximas o que é, no mínimo, desprezível. Mas toda a gente tenta esconder o número crescente dos votos em branco, tentando, quiçá, fazer pensar com que eles não existem, porque, até no site da união europeia para estas eleições, os votos em branco são incluidos com os dos partidos que não tiveram número de votantes significativo.
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Por isso, penso eu, há coisas que estão muito mal e que têm de mudar, o único problema é que não há quem as mude e há quem queira que elas não mudem. Enfim, como diria o professor Paulo Saraiva, de Cálculo I e II: "Deixa-se o desenvolvimento deste exercício (de consciência e de elações a tirar) a cargo do leitor".
Saudações europeias,
O Magnífico.